terça-feira, 14 de julho de 2009

Som potiguar promete



O CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB é a mistura da embolada com a música eletrônica, confira entrevista exclusiva e faça o download da música "Vou surfar".

Chico Antronic Embola Dub é um projeto musical idealizado por Franklin Roosevelt (ex-baixista da banda O Surto). Releitura. Essa é a nova palavra de ordem da cultura contemporânea. Enquanto alguns antropólogos e pesquisadores criticam essa prática como sendo o extermínio das culturas em sua forma legítima, outros a exaltam como único meio de manter vivas as raízes culturais e a identidade de um povo. Releitura. É o que faz com o Coco Embolada a banda potiguar CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB.

Com uma nova proposta sonora, a banda CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB sintetiza as novas tendências da música popular brasileira. Misturando tradicionais ritmos e sonoridades nordestinas com batidas eletrônicas, baixos e guitarras influenciadas pelo rock. O CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB é a ideal combinação da raiz poética nordestina com a sonoridade da música contemporânea.

CHICO ANTRONIC destaca em uma de suas músicas uma letra que fala do surf, a música "VOU SURFAR" faz parte do primeiro CD, o CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB. A música foi feita especialmente para a galera do surf potiguar que após ouvir a música "OLLIE AIR" que fala de skate, passou a cobrar de Franklin uma letra surf, assim nasceu a música "Vou Surfar" que passar aquilo que o surfista sente mesmo, que surfar é um estilode vida, não só um esporte, "se entrar não tem saída". A música "Vou Surfar" pode ser feito o download clicando no link localizado no final desta matéria.

Em conversa com Franklin Roosevelt (Cantor e compositor) ele falou mais sobre suas músicas os velhos tempos de Skate e Sandboard, sua passagem na banda "O Surto", o Chico Antônio e muita mais, confira com exclusividade:

EMFOCOSURF:
Fale sobre a banda.

FRANKLIN:
O CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB é um projeto musical idealizado por Franklin Roosevelt (ex-baixista da banda O Surto). Formado em outubro de 2008, conta com Franklin (voz), Edu Santana (programação e teclados) Diego (guitarra e backing vocal) Juliano julius (percussão) e Victor (bateria).

EMFOCOSURF:
Fale sobre este primeiro trabalho do Chico Antronic

FRANKLIN
Procuro sempre falar de assuntos diferentes e curiosos. Além de fazer uma homenagem ao embolador "Chico Antônio" (daí veio o nome do projeto), a música "Bala balada", fala sobre o que acontece de verdade nas baladas da noite. "Tattoo", fala tudo sobre a tatuagem, essa tá fazendo o maior sucesso entre os tatuadores. "Ollie Air", fala do Skate, sou Skatista desde os 13 anos de idade e na banda tem também o Edu Santana que é skatista, é uma música que toda a galera do skate potiguar curte. "Vou Surfar", esse som a galera do surf sempre me cobrava! rsrs, dizendo: "Franklin... você já fez a música pra galera do skate, agora tem de fazer uma pra galera do surf!", e eu fiquei com isso na cabeça e finalmente estou realizando esse nosso desejo. Só me lembra do tempo que quando eu morava em Ponta Negra e via Joca Júnior, Kalunga, Surfarna na minha frente! ehehehe. Tem a música "Drumin Base Malcriado", o Chicoantronic são dois vocais como dois emboladores, então em várias músicas acontece um desafio e troca de vocais. Tem a "Concidere" que fala do curriculo do cara animal, mas no final ele ta varrendo rua, uma crítica ao que ta acontecendo. O cd de Chico Antronic será lançado até o final deste ano.

EMFOCOSURF:
Que história é essa de Mp4 e Laptop?

FRANKLIN:
Resolvemos arrumar uns nomes artísticos pra ficar mais "antronic" rsrsrs, olha a onda:
Mp4 e Laptop nos vocais, GPS (percussão), control V (bateria), Hacker (teclado e programação), Mouse (guitarra).


EMFOCOSURF:
Porque o nome Chico Antronic?

FRANKLIN:
O nome CHICO ANTRONIC vem das melodias do embolador potiguar Chico Antônio – reverenciado pelo historiador Câmara Cascudo e pelo escritor Mário de Andrade – Francisco Antônio era um embolador filho de agricultor que sonhava em ser cantador enquanto capinava o mato. Descrevo muito bem a história de Chico Antônio na faixa "Na Pankada do Kanzá".

EMFOCOSURF:
Fale do seu relacionamento com o esporte.

FRANKLIN:
Ando de Skate desde os 13 anos de idade, e fui atleta competidor de 88 a 92, participei de vários campeonatos, fui a Fortaleza várias vezes pra andar com skatistas como Charles, Gato, Guabira lá no Bow da Praia de Iracema. Também já pratiquei Sandboard numa viagem pra “floripa” e quando cheguei a Natal comecei logo a treinar, e isso foi nos anos 90, participei também de campeonatos inclusive ganhei do Thiago Mancha num campeonato lá em Búzios. Mas depois quebrei o pé e parei de me arriscar tanto, aqui não dá pra praticar sandboard, mas é um paraíso pra andar de skate. Sandboard é um esporte muito difícil e perigoso, principalmente quando se arriscas manobras tão radicais como as que os sandboarders daí do Ceará fazem, pra mim são os melhores!

EMFOCOSURF:
Fale de seus outros trabalhos como humorista.

FRANKLIN:
Pra quem quiser conferir, pode ver no youtube minhas presepadas, é só procurar por personagens como: Eva Dias (previsão do tempo), triste mais eu não me queixo (versão de californication RHCP), Playmobil (versão de blame it on me - akon), Bichanna (versão de rihanna -queimando a ruela), tem também minha participação no show do TOM.


EMFOCOSURF:
Fale de sua passagem pela banda O Surto?

FRANKLIN:
Entrei no surto em 96, após um tempo fora, voltei em 99 e participei dos anos dourados da banda, rsrsrs. 2000 a 2002, onde tocamos por todo Brasil, Rockin Rio 3, e até Japão, também toquei no Ceará Music. Depois que a banda se separou, eu voltei para nordeste e passei a fazer esse lance com embolada, primeiro foi com o “folcore” e agora com o Chico Antronic Embola Dub.

EMFOCOSURF:
Perguntas rápidas

Nome completo: Franklin Roosevelt de Medeiros
Idade: 35
Uma música: Tattoo
Uma Banda: Faith No More
Um Filme: Up smoking - cheech e choogh
Um Show: Quando toquei no Rock In Rio 3 (como baixista da banda "o surto")
Um sonho: Tocar na Europa
O que esperam de 2009: Só coisa boa
Vocês como varias bandas já devem ter utilizado os meios de internet para divulgação da banda, vocês são contra ou a favor dos downloads? A favor!

EMFOCOSURF:
Pra finalizar, deixe um recado pra galera que acessa o site emfocosurf.com.br e para os fãs da banda.

FRANKLIN
Galera, acessem nosso site (myspace.com/chicoantronicemboladub), massa!!! tem um festival em curitiba, que nós estamos concorrendo, a galera tem de passar no site e votar no CAED: www.crossroad.com.br/festivaljamsession

A banda pretende aprimorar ainda mais seus recursos físicos e poéticos para que o público possa gostar cada vez mais deste projeto, que pode se tornar mais um novo rumo na música brasileira.


Integrantes da banda Chico Antronic


Chico Antronic em recente apresentação no Hotel Club


Victor (control V) - batera "chico antronic embola dub"


Foto de Chico Antônio, embolador e inspiração da banda.


Foto de Chico Antônio feita por Mario Andrade.

Link Myspace com várias musicas do Chico Antronic:
http://www.myspace.com/chicoantronicemboladub

Downloads das músicas de Chico Antronic Embola Dup
Clique no link download e salve as faixas em seu computador, as mesmas estão no formato mp3.

Chico Antronic - Bala Balada
Download
Chico Antronic - Considere
Download
Chico Antronic - Drumin Base Mal Criado
Download
Chico Antronic - Jerimun Com Pashina
Download
Chico Antronic - Luquinha da Lagoa
Download
Chico Antronic - Na Pankada do Ganzá
Download
Chico Antronic - Ollie Air
Download
Chico Antronic - Tattoo
Download
Chico Antronic - Vou Surfar
Download

Todos os direitor reservados a Panela Produtora

Chico Antronic Embola Dub ganha prêmio!

A nossa embolada em homenagem aos 40 anos da TV Cultura, foi premiada como melhor Depoimento!!

A partir de Segunda estará em Destaque no site e será exibido na programação de comemoração da TV !!

Obrigado a todos que nos ajudaram a alcançar essa meta!

ainda não viu o Vídeo? aproveita e veja agora!
www.tvcultura.com.br/40anos/player/media/4108


Chico Antronic
Embola Dub
--
Franklin Roosevelt de Medeiros
Músico / compositor
chico Antronic Embola Dub

Chico Antronic Embola Dub no Youtube!

Já tá no youtube o novo demo clip do CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB!
dessa vez a música é a DRUMIN BASE MAL CRIADO !
vejam e divirtam-se!!

http://www.youtube.com/watch?v=o49SgDwqMAk


segunda-feira, 13 de julho de 2009

No balanço do ganzá


Imprimir E-mail
Escrito por Inácio França
Por Inácio França


Chico Antônio é citado ou aparece como protagonista em cinco livros de Mario de Andrade, cantou na Rede Globo, teve sua vida registrada num documentário financiado pela Funarte, foi lembrado por Antônio Nóbrega no disco Na Pancada do Ganzá e pelo grupo Mestre Ambrósio. Agora, em setembro, mês em que ele completaria 100 anos, a casa onde vivia no município de Pedro Velho, no Rio Grande do Norte, será tombada como patrimônio histórico estadual. Sua biografia será lançada no final do ano pela editora da UFRN. Mas, afinal, quem foi esse Chico Antônio, merecedor de tamanhas homenagens?

Embolador de coco, ou “coquista”, Francisco Antônio Moreira reservou sua vaga no imaginário dos intelectuais brasileiros no final da década de 1920, quando foi “descoberto” por Mario de Andrade durante a viagem etnográfica que o escritor paulista fez ao Nordeste, entre os anos de 1927 e 1929. O autor de Macunaíma ficou tão encantado com os versos improvisados de Chico que decidiu imortalizá-lo na sua obra. O cantador potiguar mereceu destaque nos livros Os Cocos, Danças Dramáticas do Brasil, Vida de Cantador, Turista Aprendiz e Melodias do Boi e Outras Peças.

A autoridade intelectual de Andrade transformou Chico Antônio num dos símbolos do Modernismo, cultuado pela intelectualidade dos anos 30 e 40 como um exemplo do talento do artista popular. Cultuado, porém desconhecido. Convidado pelo escritor para acompanhá-lo na viagem de volta a São Paulo, Chico recusou, pois tinha mulher e filhos. Preferiu cuidar da família a cantar nos salões paulistanos. Assim, as citações nos livros conferiram ao embolador uma aura de personagem lendário. Os leitores e estudiosos da obra de Mario, que nunca escutaram a voz e o ritmo do cantador de coco, contentavam-se com os poucos versos coletados e reproduzidos pelo escritor.

Mas, enquanto os livros de Andrade acumulavam poeira nas estantes ou eram analisados e reinterpretados por estudantes de literatura nas universidades, o homem Chico Antônio continuava cantando, “tirando cocos” nos engenhos e comunidades rurais de Pedro Velho, Canguaretama, Goianinha, Nísia Floresta e São José do Mipibu, cidades ao sul de Natal. Nem imaginava que tinha se transformado em personagem cultuado.

Não fosse o acaso, ficaria no imaginário e não na história. Em 1979, sem estrutura para trabalhar como diretor de Promoções Culturais da Fundação José Augusto, do governo potiguar, o folclorista Deífilo Gurgel decidiu usar o carro e o motorista da repartição para fazer um inventário das danças populares do seu Estado. No último dia de sua viagem pelas cidades e vilas do litoral, chegou a Pedro Velho. Fotografava a igreja matriz, quando o tabelião do cartório local se aproximou, disposto a ciceroneá-lo. “Era final de tarde, já dava a pesquisa por concluída, quando o tabelião me levou para fotografar umas ruínas. Depois, fomos até sua casa comer canjica e tomar café, foi quando lhe expliquei que estava catalogando grupos de dança e artistas populares. Ele estava pensando que eu era fotógrafo”.

Conversador, disposto a ajudar o funcionário público da capital, o tabelião garantiu que a cidade tinha um embolador de coco dos bons. Era noite e Deífilo não estava muito disposto a retomar a rotina de entrevistas e gravações. Foi só escutar o nome “Chico Antônio” que seu ânimo melhorou. Os dois foram até a casa do cantador, na mesma noite, 10 quilômetros por uma estrada de barro. Sob a luz do candeeiro, Deífilo perguntou ao velho Chico Antônio, então com 75 anos: “O senhor lembra de um pessoal de São Paulo que veio ver o senhor cantar lá no Bom Jardim?”. Lúcido e com a memória intacta, o embolador nem esperou o final da pergunta: “Lembro do doutor Mario. Mario de Andrade”. O personagem saía das páginas amareladas. Era um homem de carne, osso e poesia.

Deífilo voltou para Natal, escreveu artigos publicados nos jornais locais. Os correspondentes dos jornais do eixo Rio-São Paulo publicaram matérias no Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e O Globo. Aloísio Magalhães, então secretário de Cultura do Ministério da Educação, foi ao Rio Grande do Norte e fez questão de conhecê-lo. A Funarte mandou uma equipe registrar seu canto e gravou o LP “No Balanço do Ganzá”. Em 1983, o cineasta Eduardo Escorel captou as imagens e as entrevistas para o documentário Chico Antônio, um Herói com Caráter, também financiado pela Funarte. A equipe do Som Brasil, programa apresentado por Rolandro Boldrin que marcou época nas manhãs de domingo da Rede Globo, enviou duas passagens de avião para que ele fosse cantar. Antes da gravação, deu entrevista coletiva para os jornais. Quebrando as normas da emissora, só cantou depois de tomar algumas doses de aguardente, que o próprio Boldrin mandou comprar para “inspirar” o velho cantador. Entre os defensores da cultura popular, no início dos anos 80, menos numerosos do que hoje, Chico Antônio voltou a ser mania. Fenômeno de mídia, logo seu nome desapareceu das manchetes.

Depois de tudo isso, a idade pesou. Sem forças para cantar, passou a sobreviver de uma pensão especial concedida pelo governo. Morreu esquecido, em outubro de 1993, exatamente durante as comemorações do centenário de Mario de Andrade.

Em Toulouse, na França, o músico e pesquisador Claude Sicre, líder de um movimento que busca no forró e no repente traços e similaridades com a música dos trovadores medievais franceses, convenceu as autoridades locais a erguerem uma estátua na Place dês Troubadours em sua homenagem. No pedestal, uma placa informa aos desavisados que aquela imagem representa Chico Antônio, o maior cantador do século 20. Levado por seu amigo Sicre, Lenine viu a estátua e ficou perplexo. Lenine assegura que Sicre escutou o CD da Funarte (aquele que foi gravado originalmente no formato LP) e se apaixonou pela arte do potiguar. O mesmo aconteceu com Siba, do Mestre Ambrósio, e Antônio Nóbrega. Mas eles são exceções à regra. Afora esses registros, a Fundação Hélio Galvão, de Natal, lançou no início deste ano o CD Carretilha de Cocos, com coquistas da atualidade cantando algumas de suas músicas. A esperança de que esse catálogo aumente está nas fitas cassetes gravadas por Deífilo Gurgel ao longo de quase 14 anos de convivência com Chico.


Durante a pesquisa de campo para sua tese de mestrado em Antropologia Cultural pela UFPE, a historiadora potiguar Gilmara Benevides atestou que o culto ao cantador independe do grau de conhecimento que as pessoas têm a respeito de sua arte. No final desse ano, a historiadora lançará a primeira biografia do artista, O Canto Sedutor do Coquista Chico Antônio, pela editora da UFRN.



Uma história contada por Deífilo Gurgel revela que, gozador e brincalhão, Chico Antônio tinha noção do valor de sua arte, mesmo antes de ser apresentado e passar pelo crivo de Mario de Andrade: depois que foi convidado pelo crítico Antônio Bento para morar no Bom Jardim, um capataz do engenho foi até a casa de taipa onde ele tinha sido instalado e lhe entregou uma foice e um quartinho d’água, ordenando em seguida que fosse cortar cana. Chico não se moveu da rede onde estava deitado e dispensou o capataz: “Cumpade Antônio Bento me trouxe aqui foi pra cantar, não foi pra trabalhar, não”.


(Leia mais na edição 45 da Revista Continente Multicultural. Já nas bancas.)